FESTIVAL DE CULTURA, IDENTIDADE
E MEMÓRIA AMAZÔNIDA DE ÓBIDOS-PA
memórias do fecima
RECORDAÇÕES DE UM FESTIVAL TODO ESPECIAL
Imagine um mergulho extasiante na cultura amazônida, entre banzeiros do imaginário e maresias do real. É essa a proposta de um dos festivais nacionais que vêm ganhando solidez a partir de uma pequena cidade no interior do oeste paraense. O Festival de Cultura, Identidade e Memória Amazônida de Óbidos, conhecido como FECIMA, está em sua sétima edição anual, com a proposta de debater a produção da Cultura, da Memória e da Identidade no Baixo Amazonas, sua relação com o que é produzido em nível regional, nacional e internacional quanto aos patrimônios materiais e imateriais brasileiros.
Idealizado pelo Programa de Pesquisa e Extensão Cultura, Identidade e Memória na Amazônia, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Ambiente e Qualidade de Vida, do Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e realizado anualmente, o Festival abre espaço para que durante três dias os participantes arregacem suas mangas e partam para rodas de conversa, mesas-redondas literárias, históricas e culturais, contação de histórias infantis amazônidas, expedições geológicas ao Estreito de Óbidos, expedições ambientais e culturais na Serra da Escama, caminhadas históricas pelo Museu Contextual de Óbidos, expressões poéticas e musicais e apresentações folclóricas e teatrais nas noites culturais, além de diversas oficinas e minicursos que ajudam os participantes a ampliar sua compreensão e suas ações em vista da preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Ambiental e Memorial da Amazônia. O FECIMA surgiu a partir da necessidade regional de colocar em pauta discussões sobre o estágio em que se encontram as diversas manifestações culturais, principalmente aquelas ocorrentes no Baixo Amazonas.
O FECIMA é um evento cultural anual realizado na cidade de Óbidos, no oeste
paraense, que serve de espaço para a apresentação de diversas formas do pensar em vista da recomposição da história amazônida, da preservação e do fortalecimento das diversas identidades locais, bem como servir de evento de promoção do turismo étnico, cultural e ambiental do Baixo Amazonas. Idealizado pelo Programa de Extensão Cultura, Identidade e Memória na Amazônia, vinculado ao Centro de Formação Interdisciplinar, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
A história do evento remonta a 2011, ano de pesquisas e visitas de observação à cidade de Óbidos, por um grupo de professores pesquisadores da UFOPA. Naquele ano, percebeu-se a necessidade de oferecer a Óbidos, uma cidade polo situada na margem esquerda do rio amazonas, um Festival que permitisse a coletivização das produções literárias e científicas da região. A intenção inicial dos organizadores do evento era a de trabalhar apenas o universo literário de Óbidos, pois escritores e poetas conhecidos nacionalmente tais como Inglêz de Souza, José Veríssimo e Ildefonso Guimarães, nasceram nessa cidade. Assim sendo, o festival seria denominado Festival de Literatura Amazônida de Óbidos – FLAO, projeto aprovado pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC no ano de 2011, no âmbito do PROEXT.
Entretanto, à medida que os coordenadores foram organizando o festival em vista de sua realização em 2012, algumas pessoas de Óbidos sugeriram a ampliação de seus objetivos e de sua finalidade para que houvesse a participação de pessoas com atividades relacionadas à arte, mas não necessariamente atividade literária. A partir dessa percepção, os coordenadores repensaram o Festival de Literatura como um Festival mais abrangente, de expressão da diversidade cultural local e palco de manifestação das identidades e memórias Amazônidas.
Dessa forma, a sigla FLAO já não contemplava os novos objetivos a que o festival se propunha alcançar. Em função da necessidade de ampliar o número de participantes abrangendo outras áreas artísticas, além da literatura, os coordenadores definiram que o festival se chamaria Festival de Cultura, Identidade e Memória Amazônida de Óbidos (FECIMA). Desde então o festival se tornou uma marca registrada do programa e um marco no calendário artístico cultural das cidades do Baixo Amazonas. É também um evento do calendário acadêmico da UFOPA. No período embrionário do FECIMA, duas instituições se dispuseram a apoiar o evento, a Academia de Artes e Literatura de Óbidos (AALO), na pessoa de José Raimundo Canto, então presidente; e Luis Alberto Pinto Bentes, então coordenador da Comissão da Festividade de Santana que contribuiu cedendo tempo no calendário da festividade da Padroeira para que o festival pudesse ter a noite cultural na Praça de Santana, lugar de grande circulação de pessoas que poderiam apreciar cultura e temas correlatos.
Desde então, o Festival passou a ter grande importância para Óbidos e para a UFOPA. No caso da UFOPA, a instituição tem como característica fundamental a interiorização, para democratizar o acesso ao ensino, como também para promover pesquisa e extensão. O FECIMA, como espaço de apresentação de resultado de pesquisas, torna-se uma referência da própria Universidade no Baixo Amazonas.
Como evento da cidade, o FECIMA intenta alçar voos ainda maiores e alcançar status de Evento Internacional em termos culturais amazônidas. Infelizmente, os anos de 2020, 2021 e 2022 não receberam o evento por causa da Pandemia do Noco Coronaviru´s. E felizmente, o ano de 2023 é o marco do retorno do festival, com toda a vibração de ele propõe a seus participates.
Fonte: Arquivo histórico - Proextcima/Ufopa
História
Fiquei satisfeito com a iniciativa da Academia Artística e Literária de Óbidos (que tive a honra fundar em 27.03.2009 e presidir até 26.04.2012), pela promoção tão oportuna em parceria com a UFOPA, que resultou na I FECIMA. Oxalá o exemplo frutifique em outras cidades do Oeste do Pará, onde provavelmente nos próximos anos novos encontros poderão ocorrer com a direta participação do Silogeu obidense, a quem a região ficará devendo uma das mais sérias contribuições que poderão oferecer dois institutos recém fundados para o desenvolvimento da cultura do Pará.
Congratulo-me, portanto, com os que tomarão parte neste foro especializado, não que dele se espere o milagre de resolver sozinho, como por encanto, todos os obstáculos que atentam contra a preservação dos nossos valores culturais. Eles sempre dependerão de muitos outros fatores, sobretudo da firme iniciativa dos poderes públicos, especialmente de legislação municipal que possa em curto prazo ser aplicada e das pessoas incumbidas de cumpri-las.
Porém, a mera existência da oportunidade que foi dada à Academia de Letras, de coordenar no dia 21.07.2012 a mesa redonda para evidenciar os fatos mais relevantes da literatura obidense, em análises que certamente serão debatidas com isenção, voltadas para os vultos e valores da cidade que tanto prezamos, será o início de uma atividade positiva para resgatar o que tivemos e temos de melhor nas letras e nas artes, motivando principalmente a juventude a afastar-se das práticas tortuosas ensinadas pelos meios virtuais ou fora deles, aos quais tantos recorrem por falta de opção e pelo desengano de encontrar coisa melhor ao seu alcance.
Célio Simões de Souza
Por ocasião do I FECIMA
Academia de Artes e Literatura de Óbidos (AALO)